sábado, 14 de junho de 2014


       RELAÇÕES DE PRODUÇÃO      
QUESTÕES IMPORTANTES???
NÃO…FUNDAMENTAIS PARA 
ANÁLISE DO FUTURO!!!
É nossa intenção dizer algumas coisas sobre o problema do desemprego e da sua correlação com as actuais relações de produção.
Ouvimos ontem o ministro Vítor Gaspar dizer que os empregos não nascem por decreto.
Esqueceu-se de acrescentar, certamente por acaso, que é exactamente por decreto que estão a destruir centenas de milhares de postos de trabalho.
Há muito tempo que andamos a ser enganados, com a promessa de que nas actuais circunstâncias, a criação de postos de trabalho, irá resolver o problema do desemprego.
A questão que levantamos é não acreditar que os postos de trabalho que possam ser criados, consigam resolver o problema da mão-de-obra disponível, mesmo que por hipótese remota, os chamados partidos do arco do poder, tomassem essa opção como prioritária, tendo em conta a quantidade de mão-de-obra disponível, sobretudo para aquela camada de jovens que necessitam trabalhar para viver e ambicionam fazê-lo com alguma dignidade e qualidade e não apenas sobreviver.
Ouvi a entrevista que Carlos Carvalhas deu a Maria da Flor Pedroso, na Antena 1 e o meu querido camarada, que é um dos técnicos mais competentes deste país, disse e muito bem, que é necessário uma nova política, que aumente a produção, que aumente as exportações.
Está certo ….certíssimo…mas não chega!!!
É preciso reconhecer que nas actuais circunstâncias, o conjunto das novas tecnologias, como por exemplo a robótica a burótica, a informática, a nanotecnologia, influenciam o mercado de trabalho de forma absolutamente preocupante, porque destroem infinitamente mais mais postos de trabalho, do que aqueles que podem criar.
É cada dia mais evidente que o próprio processo civilizacional, está a evoluir no sentido em que a clássica divisão do trabalho e sobretudo o destino das mais-valias, não pode continuar a obedecer às mesmas regras.
São necessárias no imediato, duas medidas essenciais, aumentar a produção e fundamentalmente reduzir as horas de trabalho, ainda que como medida provisória, até que seja possível estabelecer novas relações de produção.
Vi há dias uma reportagem das fábricas de automóveis BMW na Alemanha, que é a demonstração prática do que acabo de dizer.
Toda a cadeia de montagem necessitava de apenas entre 15 a 20 trabalhadores, porque tudo o mais era feito automaticamente por robôs e computadores.
Os algoritmos utilizados hoje em dia, já contêm roteiros eficazes para a total condução dos processos laborais.
Equipados com os programas de inteligência artificial que já são utilizados, são até capazes de aprender, nas sucessivas etapas da sua actuação, guiando-se pelos resultados, estabelecer novas hipóteses, mais vantajosas, para serem adoptadas quando forem julgados úteis novos ajustamentos.
Temos conhecimento de uma fábrica na Alemanha, onde os porcos entram por um lado e pelo outro saem os chouriços, o toucinho, as bifanas, etc., tudo convenientemente embalado, com limitadíssima utilização da mão-de-obra.
Bem perto de nós, temos o caso da empresa Lusoseram, que rebentou com a concorrência, porque montou uma cadeia de produção contínua, onde por um lado entra o barro cru e do outro saem tijolos embalado e prontos para seguir para o cliente.
A L’Óreal, por exemplo, tem em Santa Iria de Azoia um armazém, onde um funcionário introduz o pedido no computador e sai a encomenda devidamente embalada, condicionada e facturada, pronta para ser embarcada e entregue ao cliente.
Nas farmácias já vulgarmente se utilizam sistemas semelhantes, embora de dimensões mais reduzidas e menor complexidade.
O farmacêutico/a que atende, regista na caixa o valor e o tipo de medicamento e um robô encarrega-se de no armazém, ir à prateleira onde está o remédio, retirá-lo e enviá-lo por um tubo até ao balcão.
No campo da robótica os avanços são inacreditáveis.
Por exemplo, na Universidade de Wales (Grã-Bretanha), foi construído um robô-cientista capaz de desempenhar tarefas de pesquisa em laboratório, da mesma forma que um cientista humano o faz.
Eles esperam brevemente, ter equipes de cientistas humanos e cientistas robôs, trabalhando juntos nos laboratórios.
Dizem eles: "é possível para um programa de computador... conduzir um procedimento continuamente repetitivo, que começa com uma questão que lhe é proposta, efectua experimentos para responder a esta ou àquela variante, avalia os resultados e formula novas questões."
Segundo os mesmos cientistas, «um robô substitui o trabalho de nove cientistas e biólogos, que deveriam trabalhar na mesma tarefa de pesquisa genética, para a qual ele foi programado».
Se tivermos em consideração o novo campo chamado de cognição robótica, chegamos à conclusão que os cientistas já falam na possibilidade dos robôs se tornarem capazes de pensamentos abstractos, num futuro próximo.
A possibilidade de se acrescentar “inteligência” ao automatismo, é só uma questão de tempo.
Já se abrem perspetivas de ligar um computador ao sistema nervoso central, de um ser humano.
E a ideia que até parece fantasiosa, já tem como resultado prático o que já se conseguiu uma equipa de médicos e investigadores suecos, que colocaram num paciente uma prótese com eléctrodos ligados ao cérebro, permitindo-lhe controlar a prótese e obter dela numerosos movimentos.
Consequências disto…vastíssimas !!!
É um mundo novo, completamente diferente daquele em que vivemos, mas somos nós, os que vivemos hoje, que o estamos a criar!!!
Agora a questão que consideramos essencial, nesta problemática do trabalho e do emprego, ou como é o caso, “a falta dele”.
A questão central é saber quem no fundo vai beneficiar com estes avanços científicos, não esquecendo que “entre” os aspectos práticos mais importantes, estão implícitos o controle dos resultados e dos lucros que tais descobertas proporcionam.
A interrogação fulcral e objectiva que tudo isto levanta, é a seguinte.
Podem as relações de produção manterem-se como são presentemente?
Em que direcção deverá a sociedade caminhar e que consequências têm estes desenvolvimentos para o futuro da humanidade???
Será aceitável que os benefícios desta evolução, revertam exclusivamente para os donos dos meios de produção?
Ou até mesmo, será aceitável que os beneficiários de tais avanços científicos, abranjam exclusivamente determinadas classes sociais, marginalizando do processo, quem não estiver na classe dos donos dos meios de produção?
Que riscos correm, no actual quadro político, todos aqueles que não pertencem a essas camadas privilegiadas?
É para nós evidente, que no quadro do actual processo de desenvolvimento, a clássica divisão do trabalho e o destino das mais-valias, não poderão continuar a obedecer às mesmas regras, que já hoje causam abissais diferenças entre os pobres e os ricos.
Pensamos que seria oportuno, começar desde já a exigir novas relações de produção, para evitar o risco de mais tarde…ser tarde demais!!!
É nossa profunda convicção, que o Partido Comunista Português tem urgentemente de dar o exemplo e começar a falar desta matéria, de forma mais explicita, incisiva e pedagógica.
Consideramos um acto de lucidez urgência que sugerimos.
Prova disso é-nos dada por um exemplo muito recente, tendo em vista o que se passou na fábrica chinesa FOXCON. Acusada entre muitas outras coisas, de causar numerosos suicídios entre os seus trabalhadores, como consequência da exageradas pressões que sobre eles exercem e à dimensão da exploração a que estão sujeitos.
Na sequência de uma tentativa artificiosa, para os obrigar a fazer horas extraordinárias, sem lhes pagar, passaram a atrasar os transportes que habitualmente levavam os trabalhadores para casa, depois do período laboral.
A revolta e os distúrbios que se seguiram, após os trabalhadores tomaram consciência da astúcia, obrigou a intervenção da polícia e a gerência resolveu fechar aquela unidade de produção, enviando centenas de milhar de trabalhadores, para o desemprego.
No sentido de resolver o problema que essa falta de mão-de-obra lhe causou, a administração da casa mãe para continuar a fornecer os seus clientes, resolveu substituir os seus trabalhadores por robôs.
Esta empresa não é uma empresa qualquer.
É pura e simplesmente uma multinacional com fábricas na China, Brasil, Europa, India, Japão, Malásia, México e fornece as principais fabricantes de computadores e telemóveis, nomeadamente a Apple, Microsoft, Nokia, Sony, Toshiba, Acer, Cisco, Hewlett-Packard, etc., etc.
Na sequência dos acontecimentos e das decisões tomadas para resolver a continuidade dos fornecimentos, já entraram nas linhas de produção dez mil robôs designados FoxBots, numa das suas unidades fabris, estando planificado serem instalados mais 20.000, até ao final do ano, ao preço de 20.000 dólares cada, correspondente ao encargo com o ordenado médio de um trabalhador, durante três anos.
Ela própria produz os robôs necessários.
Daí acreditarmos que a notícia de que vão fabricar mais um milhão de robôs, para substituir os seus trabalhadores, seja perfeitamente verosímil.
A crise que estamos a viver, tem duas componentes. A nacional e a internacional.
Bem nos lembramos do Socrático aproveitamento dessa circunstância, para desculpar os abusos de poder e a perseguição feitas, aos direitos dos trabalhadores.
Estão de facto ambas interligadas e são filhas (ou melhor enteadas) da
Globalização e da aplicação das teorias e opções económicas neoliberais.
Foi esta Globalização, que permitiu aos Estados Unidos sugar a poupança mundial e terem actualmente uma balança de pagamentos com um deficit de 17 triliões de dólares e cerca de 70 triliões segundo dizem os entendidos, em circulação ilegal.
Tudo isto porque o dólar é moeda de referência mundial e necessária para comprar petróleo e para o comércio internacional.
As transcendentes dificuldades que a actual crise internacional apresenta, teve como origem o problema do chamado “Subprime”, nascido com o rebentar da bolha imobiliária nos EUA.
A sua origem esteve na transformação de alguns bancos comerciais americanos em bancos financeiros, a quem foi acrescentada a particularidade de poder emitir títulos lastrados em hipotecas, sem garantia de cobertura, com rentabilidade elevada, para atrair investimentos e no qual embarcaram muitas entidades, bancos e fundos financeiros internacionais, nomeadamente europeus, atraídos pelos chorudos juros que ofereciam.
O rebentamento da bolha imobiliária, tornou-se uma ruína para todos os investidores que foram naquele “canto de sereia” especulativo.
Em resultado desse estouro, sabe-se hoje que a Europa ficou a dever ao
Estados Unidos, a quantia de 4 triliões de Euros, facto que tem sido completamente ocultado por todos os responsáveis.
Sabemos que esse é o valor da divida europeia, porque há bastante tempo, Durão Barroso numa das suas rápidas visitas à “santa terrinha”, num momento de cândida intimidade, durante uma entrevista que tivemos a sorte de ver e ouvir, produziu esse autêntico “lapsus linguae” político/contabilístico, ao referir talvez por fanfarronice de pessoa importante, dirigente encartado da União
Europeia e particularmente versado nos meandros dos problemas internacionais, que de facto eram 4 triliões de Euros, o valor da dívida europeia aos Estados Unidos.
Digo que foi um lapso de fanfarrão, porque a partir dessa altura, jamais ouvi ou li, uma referência a esse valor em qualquer órgão de comunicação social.
É um facto muito estranho, porque sendo óbvio o seu interesse jornalístico, jamais vimos ou ouvimos esse importantíssimo facto, referido na comunicação social, ou por qualquer um dos fazedores de opinião, que proliferam na nossa praça.
Esse enigmático silêncio, levou-me a deduzir que muitos puxões de orelhas devem ter custado a Durão Barroso semelhante desabafo, que deve ter sido politicamente considerada uma “gravíssima” inconfidência, só possível de ser resolvida, num esforço de generalizada contenção de todos os meios de comunicação social.
Sendo essa então a dimensão exacta da dívida europeia, ficámos também a saber quantos sacrifícios os governos e os banqueiros estão na disposição de obrigar as populações a fazer, para pagar essa monstruosa dívida, fruto da responsabilidade exclusiva dos bancos, dos especuladores e dos gestores dos fundos financeiros.
Para terminar vou contar-vos um facto que chegou ao nosso conhecimento por volta de 1995, através de um texto que resumia a obra de Hans Peter Martin e Harald Schumann “A Armadilha da Globalização”, onde os autores relatavam o que se passara numa reunião de alguns do mais importantes políticos americanos, com a alta finança e alguns dos maiores industriais mundiais, na Fundação Gorbachev, para discutirem e analisarem a evolução do mundo.
Entre os políticos presentes, mais influentes dos Estados Unidos, encontravam-se Zbigniew Brzezinski e Henry Kissinger.
É um texto extraordinário, que se queria profético e nos leva ao amago do pensamento de alguns dos que se julgam, donos do mundo.
Para quem tenha computador, pode ter acesso a esse documento num link que colocámos no cabeçalho do nosso Blogue “Olharaesquerda.blogspot.com”.
Para não roubar tempo, não vou falar dos seus pormenores.
Somente referir que o texto relata como aquelas eminências chegaram à conclusão que 2/10 da população, era o suficiente para produzir todas as mercadorias e fornecer os serviços, que a sociedade necessitar”.
O nosso destino estava marcado, quando lhes perguntaram, «então e os restantes 8/10»?
A resposta foi: «Ah esses vão ter problemas!!!».«A questão será..... Ter algo para comer ou ser devorado».
Zbigniew Brzezinski, acrescentou ainda, que uma «sábia mistura de divertimento estupidificante e de alimentação suficiente permitirá manter de bom humor a população frustrada».
Só faltou dizer que encher os canais de telenovelas, seria igualmente estupidificante e favorável para não levar os cidadãos a pensar nas desgraças da vida e nomeadamente nos canalhas que nos governam.
Mais adiante… «Os participantes deste colóquio contam com outro sector para dar sentido à existência e garantir a integração: o voluntariado a favor da colectividade, a participação em actividades desportivas e nas associações de todo o tipo».
«Poderia valoriza-se essas actividades mediante a atribuição de uma remuneração modesta, o que ajudaria milhões de cidadãos a serem conscientes do seu próprio valor».
«Os patrões dos grupos industriais estão à espera de que, a breve prazo, nos países industrializados sejam postas pessoas a varrer as ruas por um salário praticamente nulo, ou que haja quem aceite um emprego de criado a troco de um miserável alojamento. Estamos a assistir à emergência da sociedade dos dois décimos, a sociedade que terá de recorrer ao apoio da caridade para que os excluídos permaneçam tranquilos»
Isto foi dito em 1995!!!
Hoje já se percebe que essas teses estão a fazer doutrina e o que se está a passar na Europa e especificamente em Portugal, no que diz respeito ao desemprego, à baixa dos salários, ao roubo das pensões, à destruição do Serviço Nacional de Saúde, às carências no orçamento do ensino, a destruição do aparelho produtivo, à miséria em que estão a colocar a maioria esmagadora da população, justificam o desenvolvimento das instituições de caridade, para que os excluídos permaneçam tranquilos.

domingo, 7 de abril de 2013


INTERVENÇÃO DE JERÓNIMO DE SOUSA, SECRETÁRIO-GERAL DO PCP. NO COMÍCIO “DERROTAR ESTE GOVERNO E ESTA POLÍTICA” QUE TEVE LUGAR EM MIRANDELA

.... Fez ontem, dia 5 de Abril, exactamente dois anos que o PCP, perante a eminência de um pedido de intervenção externa ao FMI e à União Europeia, propôs em alternativa a imediata renegociação da dívida portuguesa, a par de outras medidas.

Estávamos na véspera da decisão tomada pelo governo do PS/Sócrates e que teve a total concordância dos partidos do actual governo – do PSD e do CDS.

Fizemo-lo antes, portanto, do passo ilegítimo que acabaria por ser dado e formalizado em 11 de Maio, num momento em que o povo português tinha sido já chamado a pronunciar-se em eleições.

Nesse preciso momento, o PCP alertou para os perigos e consequências que decorreriam se fosse aberta a porta a tal processo de intervenção externa.

Pioneiros nessa iniciativa, a proposta do PCP de renegociação da dívida, acompanhada com outras propostas visando o crescimento e o emprego e a defesa dos sectores produtivos nacionais, foi considerada uma blasfémia pelos partidos da troika nacional e pelos comentadores do consenso nacional formatado pelos interesses do capital financeiro – o principal beneficiário da decisão.

Prontos a servir os interesses que não eram os nacionais, clamavam: aqui d’el Rei que o PCP não quer pagar a dívida e quer pôr em causa a reputação do Estado português!

Faziam-no, e ainda o fazem, como se a proposta fosse porventura uma coisa inédita ou própria de países párias. Como se a Alemanha, por exemplo, o não tivesse já feito quando os seus interesses o ditaram. Como se uma proposta de renegociação da dívida para evitar o massacre das populações e espoliação do país não fosse uma solução não só legitima, como possível e tanto mais, quanto o país estava e está a ser vítima da especulação e da agiotagem financeira.

Hoje, perante a dimensão trágica da concretização do pacto de agressão ao país e ao nosso povo, em resultado dessa decisão, a necessidade da renegociação da dívida passou a ser reconhecida por amplos sectores da sociedade portuguesa, incluindo muitos dos que criticaram originariamente a proposta do PCP.

Hoje parece que já não é um sacrilégio e a renegociação passou a ser a palavra-chave para todas as manipulações e para cobrir todas as falsas soluções, fazendo da reestruturação da dívida pretexto para todas as manobras políticas, visando salvar as actuais políticas que estão a conduzir o país para o abismo.

É neste quadro que o governo vem agora defender a renegociação de parte da dívida do Pacto de Agressão, uma renegociação parcial, insuficiente e que não põe em causa os interesses da especulação financeira, visa apenas a própria sobrevivência do governo e da sua política de desastre nacional.

Uma renegociação da dívida não para aliviar os trabalhadores e o povo dos sacrifícios inaceitáveis ou para relançar a economia e criar emprego, mas para salvar o Pacto de Agressão e garantir, em mais ou menos tempo, as medidas de severa austeridade, de destruição dos serviços públicos e a venda do património do país que está em curso.

Uma renegociação para concretizar a palavra de ordem da senhora presidente do FMI que agora também veio dizer que o “ritmo é tudo”, exactamente porque tal como o governo, a sua preocupação é pôr a orquestra a tocar a mesma música ad eternum – a música da especulação e da exploração dos trabalhadores e dos povos.

Hoje é em nome da reestruturação da dívida que o governo diz ter entre mãos, isto é, estar a negociar, que nos vem dizer que a demissão do governo e realizar eleições iriam ao arrepio do interesse nacional, fazendo deste reescalonamento parcial da dívida, a tábua de salvação do seu governo.

Fraca tábua de salvação, perante o mar revolto das consequências presentes e futuras da sua política.

O país não está dependente deste governo para uma negociação que não resolve nenhum dos problemas de fundo que estão colocados na vida nacional.

Não há manobras que possam iludir que a verdadeira solução continua a ser a da demissão deste governo, pondo fim à sua política.

Uma demissão que face ao continuado agravamento de todos os problemas do país, não só se tornou uma urgência nacional, como na primeira e mais imperiosa medida para estancar e inverter o rumo de desastre com que o país está confrontado.

Não há manobras que possam disfarçar esta verdade comum: - o tempo deste governo esgotou-se!

Este é um governo cada vez mais isolado, desacreditado e sem legitimidade para concretizar a política que está a impor ao povo português.

Se as instituições políticas estivessem a funcionar, tendo em conta os verdadeiros interesses do país e do povo, este governo de Passos Coelho e Paulo Portas já devia ter sido demitido.

Um governo que está há muito fora da Lei e fora do quadro constitucional, que reiteradamente torce e viola a Lei fundamental.

Ontem, o Tribunal Constitucional veio confirmar um conjunto de inconstitucionalidades relativamente a normas do Orçamento de Estado que penalizavam gravemente a vida de muitos portugueses, como o roubo do subsídio de férias dos trabalhadores da função pública e dos pensionistas. A mesma inconstitucionalidade foi declarada em relação às contribuições sobre os subsídios de doença e de desemprego e ainda às normas referentes aos contratos de docência e investigação, cujo pedido de inconstitucionalidade, foi solicitado para ambas pelo PCP.

O facto de haver medidas que o Tribunal Constitucional não considerou anular, não significa que tais medidas sejam justas do ponto de vista social e político e que não possam nem devam ser consideradas e rectificadas por um governo com uma política patriótica e de esquerda, como a que defendemos.

Essa é outra batalha que temos que continuar a travar no plano político, pela reposição dos direitos e valores usurpados aos trabalhadores e ao povo.

No imediato, e perante as decisões do Tribunal Constitucional que representam um sério revés para o governo, o PCP desde já afirma que são inaceitáveis novas medidas de austeridade ou novas soluções que visem penalizar os trabalhadores, os pensionistas e reformados e outras camadas populares, com novos ataques aos seus direitos e condições de vida.

Esta decisão do Tribunal Constitucional é mais uma razão acrescida para demitir este governo e para os trabalhadores e o povo intensificarem a sua luta visando a sua derrota definitiva.

É preciso continuar a confiar que a luta vai atingir os seus objectivos. Que é possível vencer e derrotar este governo e salvar o país, fazendo crescer e tornando ainda mais forte a luta!

O país não está condenado a viver assim! É preciso acabar com este governo antes que ele acabe com o país! É necessário e urgente encontrar um novo caminho para Portugal!

Um novo caminho e novas soluções que não se compadecem com a manutenção de um pacto de agressão que pela sua natureza não é reformável, nem tão pouco com retoques no actual governo e na sua política.

Camaradas e amigos:

Tal como há dois anos o PCP afirmou, a solução que serve o interesse nacional é a renegociação da dívida toda, em todos os seus termos – montantes, juros e prazos.

A renegociação da dívida que propomos, e que é necessária, não é para salvar o pacto de agressão. É para tirar a corda da garganta do país que os partidos da troika lhe colocaram e o sufoca. A corda que, tanto o governo como o PS, querem manter com as suas juras de fidelização à Troika e ao pacto de Agressão. Sim, camaradas, não precisamos apenas de mudar o governo, é preciso também mudar de política. Uma mudança que o PS não garantiu até hoje!

Uma renegociação para garantir a criação de condições para o crescimento, para o aumento da produção nacional, para o aumento do investimento e a melhoria dos salários, pensões e reformas e em geral do poder de compra dos trabalhadores e das populações.

Uma renegociação para pôr fim à imposição de juros agiotas (7 330 milhões de euros em 2012) e apurar e recusar pagar uma parte que é ilegítima.

Uma renegociação da dívida que seja acompanhada de políticas que ataquem as causas que levaram à dívida pública e privada colossal existente.

O caminho da renegociação da dívida pública não é uma solução fácil, livre de dificuldades e constrangimentos, mas é aquela que, em vez de defender os interesses do capital, assume o compromisso com as necessidades dos trabalhadores, do povo e do país.

O país precisa de uma outra política que ponha fim à espiral de austeridade, à recessão e ao declínio económico, à injustiça, ao empobrecimento e ao rumo de afundamento nacional.

O país precisa de uma outra política patriótica e de esquerda. Patriótica, porque o novo rumo e a nova política que Portugal precisa tem de romper com a crescente submissão e subordinação externas, e recolocar no centro da orientação política a afirmação de um desenvolvimento económico soberano.

Uma política que aposte decisivamente na produção nacional, que defenda e desenvolva o aparelho produtivo, aproveitando os recursos do país, reduzindo os custos dos factores de produção, apoiando as micro, pequenas e médias empresas. Uma política que relance a reindustrialização do país, o combate défice agro-alimentar e potencie o mar e as suas múltiplas actividades e tenha como objectivo o pleno emprego.

Uma política que melhore as condições de vida dos portugueses, aumentando os seus rendimentos e que dinamize a nossa economia.

Uma política que garanta uma efectiva justiça fiscal, diminuindo a carga sobre os rendimentos do trabalho, as micro e pequenas empresas, das explorações agrícolas e a população em geral. Uma política fiscal que concretize a efectiva taxação da banca, a especulação financeira, ponha fim ao escândalo dos paraísos fiscais, que combata a fraude, a evasão fiscal e a fuga de capitais.

Uma política que trave e reverta o processo de privatizações que vai delapidando o património nacional e que recupere para o Estado o controlo dos sectores estratégicos da economia, para os pôr ao serviço do desenvolvimento e do progresso.

Uma política que garanta o direito à educação, à saúde, à segurança social, à justiça, salvaguardando o carácter público dos seus serviços e eliminando as restrições de acesso por razões económicas e que contribuam para combater as desigualdades e assimetrias regionais.

Uma política que defenda a soberania nacional e os interesses do País, designadamente face à União Europeia.

Uma política alternativa que exige um governo que a concretize. Um governo patriótico e de esquerda, capaz de romper com a lógica e o circulo vicioso que se instalou no país do sistema de alternância, sem alternativa de políticas.

Amigos e camaradas:

É possível uma política e um governo patrióticos e de esquerda, que coloquem no centro da sua acção os direitos da grande maioria do povo português e os interesses nacionais.

Existem em Portugal forças, valores e energias bastantes capazes de romper com o ciclo de governos da política de direita, para dar corpo a uma solução política, um governo patriótico e de esquerda ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País.

Como o PCP, há centenas de milhar de patriotas e democratas, centenas de milhar de trabalhadores e de outros portugueses, que olham com esperança essa profunda aspiração de ver no país uma política patriótica e de esquerda.

É a todos esses portugueses, aos sectores e forças progressistas e de esquerda sincera e genuinamente interessados em romper com a política de direita, que o PCP se continua a dirigir e a disponibilizar-se para debater e aprofundar os caminhos da concretização da alternativa, em torno de uma política patriótica e de esquerda.

São grandes e exigentes as tarefas que a actual situação coloca ao PCP. A este Partido necessário e indispensável para mudar o rumo do país. Partido necessário e indispensável que se impõe reforçar, porque do seu reforço não só dependerá a garantia da defesa dos interesses dos trabalhadores e dos interesses populares, mas o êxito da tarefa da construção em Portugal de uma alternativa política e de uma política ao serviço dos trabalhadores do povo e do país.

Sabemos que o percurso é muito difícil. Mas unidos, determinados e com a luta do nosso povo seremos capazes de abrir os caminhos da esperança para um Portugal com futuro!

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